Associação dos Participantes e Assistidos de Fundações e Sociedades Civis de Previdência Complementar da Área de Telecomunicações

Associação dos Participantes e Assistidos de Fundações e Sociedades Civis de Previdência Complementar da Área de Telecomunicações

Precisamos falar do plano de saúde – Fonte O Globo

Última atualização em 04/09/2017 por admin

Apenas 22% da população brasileira têm acesso ao serviço, caro e de pouca qualidade. Modelos usados em outros países podem servir de inspiração

Com planos caros e de baixa qualidade, país está mal colocado em ranking global, afirma colunista Ter a cobertura de um plano de saúde é um privilégio de uma minoria. De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), hoje, cerca de 47,6 milhões de brasileiros têm plano de saúde. Apesar de o número parecer alto, isso corresponde a apenas 22% da população brasileira, estimada em 207,9 milhões de pessoas, segundo o IBGE.

FABIANO ROCHA

Esse percentual baixo de adesão é facilmente justificável: basta dar uma olhada nos altíssimos valores das mensalidades dos planos de saúde. O modelo privado de saúde no Brasil é tão oneroso que deu brecha, inclusive, para um mercado paralelo. Hoje, muitas pessoas que não têm condições de arcar com um plano recorrem a empresas que oferecem consultas médicas de baixo valor para casos simples, que são pagas de forma avulsa.

É UMA FORMA PALIATIVA de ter cobertura médica em casos de urgência — por valores acessíveis e sem a necessidade de espera em unidades hospitalares públicas, que sofrem com a constante superlotação. Mas, se a pessoa precisar de tratamentos mais complexos, que dependam de internação ou cirurgia, continuará desprovida de boas opções. A Bloomberg realizou, no ano passado, um levantamento global sobre os sistemas de saúde: o Brasil ficou na lamentável 54ª posição entre 55 países. Os dados usados são de 2014.

Além de os planos serem caros demais para os consumidores, as redes credenciadas não são muito abrangentes. Como os planos costumam repassar um valor aos médicos, muitos profissionais preferem não fazer parte, restringindo seus atendimentos a consultas particulares. Ou seja, paga-se caro por um serviço que não tem muita qualidade. Além disso, pelo fato de a remuneração dos médicos credenciados ser de baixo valor, aqueles que aceitam atender pelo plano de saúde acabam querendo compensar com um maior volume de pacientes. O resultado: consultas feitas às pressas, anamnese precária e o risco ampliado de diagnósticos equivocados.

Apesar de a discussão sobre o modelo de saúde privado no Brasil ser complexa e se arrastar há anos, há alternativas que já vêm sendo adotadas no exterior.

Uma delas, que merece ser olhada com atenção especial, é o Health Savings Accounts (HSA) — em tradução livre, contas de poupança de saúde. O modelo lembra o funcionamento de um seguro de carro. Com o HSA, você tem o plano de saúde e, sempre que precisar de uma assistência mais ampla — um acidente grave, internação, tratamento complexo ou cirurgia — paga uma franquia, e o plano de saúde arca com as demais despesas.

O dinheiro depositado nessas contas é livre de impostos e rende como um investimento de renda fixa. Pelo modelo americano, a pessoa pode, inclusive, retirar o dinheiro dessas contas e usar para outros fins, mas, nesses casos, há incidência de taxas. Para cobertura de despesas médicas, o saque não é taxado.

A alternativa pode funcionar melhor do que acontece hoje no Brasil, tendo em vista que, em muitos casos, ainda que a pessoa tenha plano de saúde, procedimentos mais complexos e vários exames não entram na cobertura. Na prática, o consumidor paga, além da mensalidade, pela totalidade de despesas extras que podem acontecer. Essa, inclusive, é uma realidade complicada, por exemplo, para gestantes, tendo em vista que uma série de procedimentos durante a gravidez não são cobertos pelos planos.

Com um sistema de franquias similar ao HSA, o consumidor não precisaria pagar pela totalidade dessas despesas mais caras. Além disso, a possibilidade de o dinheiro depositado na conta render é outro atrativo. O sistema funcionaria como um investimento em saúde, não apenas como dinheiro gasto com despesas médicas. Se o consumidor usasse pouco os serviços, o dinheiro ficaria rendendo.

Ainda segundo dados da ANS, a quantidade de adesões aos planos de saúde no Brasil caiu 3,1% em 2016, em relação ao ano anterior. Tendo em vista a dificuldade de arcar com os altos custos dos planos, especialmente em um cenário de crise econômica e desemprego elevado, é mais do que pertinente pensar em alternativas que democratizem os serviços privados de saúde.l

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *